terça-feira, 29 de abril de 2008

Don Alberto Araya Gomez

Na data de 14 de abril do corrente ano faleceu no Chile aos 96 anos de idade Don Alberto Araya Gómez, fundador do “Criadero La Invernada”. Don Alberto foi pioneiro na exportação de cavalos crioulos chilenos para o Brasil. Ex-Presidente da “Federación de Criadores de Caballos Chilenos”, Don Alberto notabilizou-se por ser o criador de “La Invernada Hornero”, Chefe de Raça que foi determinante para a revolução funcional e morfológica da Raça Crioula no Brasil..

Don Alberto, cujos primeiros produtos de seu criatório datam dos anos trinta (1930), não foi o criador de nenhum dos antecessores diretos de Hornero. O pai de Hornero, Tren Tren Arrebol, foi criado pelo irmão de Don Alberto, Fernando Araya Gómez e é filho do garanhão Aculeo Vestago e da matriz Aculeo Noche Buena. A mãe de Hornero é “Aculeo Nutria II”. Verifica-se assim que Don Alberto “desenhou” um pedigree composto por animais que não tinham origem em seu criatório, buscando neste cruzamento a obtenção de um produto pautado nas linhagens do criatório Aculeo. E este é precisamente o pedigree de Hornero: uma concentração de linhagens utilizadas na Aculeo e que propiciaram a este criatório especial destaque na recuperação da raça crioula no Chile a partir do início do século passado.

Sem dúvidas Angamos, “padrillo” que atuou no Criatório Aculeo nesta época e que morreu com 31 anos de idade em 1907, transmitiu seu caudal genético a Hornero através de seus filhos Alfil II, Azahar I, Arrebol, Condor e suas filhas Lúcuma e Anchoa.

Se considerarmos que cada progenitor aporta cerca de 50% de seus genes na geração seguinte, dado as concentrações de linhagens presentes no pedigree de Hornero sabe-se que cerca de 18% dos genes de Hornero provêm de Angamos.

Fato no mínimo curioso se considerarmos que Angamos nasceu em 1876, há mais de 130 anos e já se completou um século de seu desaparecimento.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Considerações sobre a Qualificação dos Garanhões



- “O pedigree nos diz o que um cavalo deveria ser. Seu desempenho e aparência reais nos dizem o que ele parece ser. Sua progênie nos diz o que ele é na realidade”.


A adoção de “padrillos” adequados é caminho imprescindível para o sucesso do criatório. Na verdade um cavalo passa a ser “padrillo” não no momento de sua confirmação como inteiro, mas quando prova estatisticamente seu potencial de pai e avô; Ele apresentará “prepotência hereditária” quando gerar produtos de acordo com um padrão próprio, transmitir bondades herdadas de seus ancestrais e melhorar os produtos gerados pelas matrizes. Mas isto só poderá ser reconhecido quando através de resultados próprios e de seus descendentes o animal se destacar no ranking do mérito da Associação.

Importante o conhecimento de que o aporte de genes indesejáveis no banco genético de um dado criatório, devido ao uso indiscriminado de garanhões não testados exaustivamente, não são passíveis de correções à curto ou médio prazo e muito menos sem a efetivação de dispêndios elevados.

Um garanhão meramente razoável, adquirido a baixo custo ou cujas coberturas tenham preços mais acessíveis, trabalhando na cobertura de matrizes de baixa qualidade, pode gerar produtos melhores do que as mães. Neste caso não seria de todo incorreto dizer com as devidas ressalvas, que o criatório que assim está procedendo, está evoluindo na criação, posto que os produtos estariam saindo melhores do que as mães! Mas certamente neste caso, a Raça estaria andando para trás, no que se refere à sua qualificação.

A limitação do número de garanhões em atividade na Raça, medida que permitiria uma melhor e mais rápida qualificação do Criatório, não é medida passível de ser adotada posto que no caso do Cavalo Crioulo, cada Criatório busca definir seus próprios “garanhões”. Há poucos anos, visitei no Interior Paulista um Haras dedicado à criação de cavalos da Raça Brasileiro de Hipismo. O garanhão mantido pelo Haras foi adquirido na França, de forma cooperativada e atende a todos os criatórios similares da Região. A aquisição de “padrillos” para uso de seus associados, por parte da ABCCC, incrementando qualidade de coberturas a preços compatíveis, seria medida adotada em sintonia com seus propósitos.

Diante da medida adotada pelos criadores paulistas, cabe refletir se a busca da consecução do padrão definido pelo Standard da Raça é caminho aberto a todos os criadores conscientes ou se é facultado somente a poucos criatórios de melhores recursos.

Finalmente, vale sempre o criador considerar, independente da dimensão de seu criatório, a máxima adotada por criadores de cavalos na América do Norte:

- “O pedigree nos diz o que um cavalo deveria ser. Seu desempenho e aparência reais nos dizem o que ele parece ser. Sua progênie nos diz o que ele é na realidade”.

domingo, 13 de abril de 2008

A Escolha das Matrizes

É correta a assertiva de que 50% da carga genética de um produto advêm da mãe e outros 50% do pai. Cada criatura porta consigo, portanto 25% da carga genética de seus avós. Não se pode, no entanto saber de antemão qual a fração da carga genética de um dado avô é transferida a um determinado descendente. Vale lembrar a antiga anedota relativa ao diálogo travado entre uma formosa Miss e um escritor de renome, tão inteligente quanto feio (Mark Twain?): a Miss comentou com o escritor o fato de que um casamento dos dois poderia dar origem a um filho com a beleza dela e a inteligência dele, o que constituiria um fato notável. Ele retrucou que melhor seria não tentar, posto que poderia ser catastrófico o nascimento de um filho com a beleza dele e a inteligência dela.

Este fenômeno explica porque um determinado “padrillo” se adapta a determinada matriz e outros não. A escolha de uma matriz é uma tarefa que requer especiais cuidados, posto que um número reduzido delas é que na realidade embasam a um criatório. Para a seleção dos ventres faz-se necessário por em prática não só conhecimentos de genética, mas, sobretudo de estatística.

A seleção das éguas tem por base os resultados das suas próprias campanhas em pistas, tanto morfológicos quanto funcionais. Também o de seus produtos. Uma boa mãe se destaca por sua morfologia/funcionalidade, pelas linhagens que encerra, mas principalmente pelo sucesso de sua progênie.

Cabe considerar que uma égua que se destaca na campanha em pistas, têm postergada sua utilização como matriz, reduzindo sua campanha reprodutiva e consequentemente o número de produtos gerados. Certamente buscando minimizar este problema, a ABCCC regulamentou a prática da Transferência Embrionária.

Outro passo gigantesco propiciado pela ABCCC na busca da qualificação do criatório foi a colocação dos dados referentes aos animais que compõem seu banco de dados ao alcance dos criadores, através do meio de consulta simplificado propiciado pela Internet.

Ao que se sabe, em um grande número de criatórios as melhores mães não são como regra as de melhor morfologia e/ou função. É certo que uma matriz tem que ser correta nestes aspectos, posto que a identificação de “padrillos” para corrigir eventuais problemas das matrizes, estabelece um grau de dificuldade maior no processo. À partir deste raciocínio, justifica-se a assertiva de que as matrizes devem ser escolhidas à partir dos conhecimentos de genética e do acompanhamento estatístico dos resultados.

sábado, 12 de abril de 2008

O Criatório Santa Helema


Helema é resultado da fusão de dois nomes próprios: Helena e Ema, duas mães na terra. A Cabanha situa-se em um sítio de lazer, adquirido originalmente para congraçamento da família. Não foi originalmente estabelecida como uma “oportunidade de negócios”. Movia-nos basicamente a admiração pela criação de cavalos. Na medida em que foi sendo qualificada, surgiu a necessidade de promover ingressos para propiciar sua auto-sustentação.

Criar em área reduzida, campo de média qualidade, necessitando formar uma base adequada de matrizes, sem ter tradição no mercado, é atividade que requer doses adicionais de recursos e demanda maior tempo de consolidação. Na contrapartida, é oportunidade ímpar para exercitar a criatividade. Justifica o empreendimento apenas a busca da realização de um “sonho” e o fato de que a criação de cavalos é atividade agregadora, aproximando amigos e aglutinando familiares. Inspira-nos a manifestação de Ítalo Zunino Bresnier, do criatório chileno “Água de Los Campos Y Maquena”, publicado no artigo “O Orgulho de Criar”, datado de 18/04/2006, na oportunidade na qual seus produtos Malulo e Estruendo venceram ao 58◦ Campeonato Nacional de Rodeo, realzado na Medialuna Monumental de Rancagua de que os criadores criam “por que nos gustam los caballos. Lo que esta detrás de la crianza de caballos no es negocio, es una pasión, es un amor. Es un cariño inmenso hasta este noble animal, hacia las tradiciones, hacia el campo”.

Na Santa Helema não estamos laborando na busca de um animal que eventualmente possa vir a ser um Campeão da Raça. Ë lógico que ficaríamos extremamente felizes e orgulhosos se isto acontecesse. Entendemos também que este fato poderia alavancar significativamente o sucesso do criatório. Mas na verdade o que nos move é a busca de um padrão de animais próprio, perfeitamente sintonizados com o Standard definido para a Raça, fechado em algumas linhagens (sul-riograndenses, argentinas e chilenas) disponíveis no mercado às quais elegemos como ideais para nosso criatório, de acordo com percentuais situados em torno de 5/8 de sangues chilenos e 3/8 de argentinos, uruguaios e riograndenses, às quais hoje consideramos mais adequadas.

Até atingir por completo este objetivo, é claro que estaremos produzindo cuidadosamente animais qualificados, de destaque, boa índole e bem domados e que certamente estarão atendendo aos anseios do mercado e promovendo a satisfação de nossos clientes.